13 de novembro de 2015

A cultura do status

A selfie dos astros de Hollywood na cerimônia do Oscar foi a publicação mais compartilhada de 2014 no Twitter, com mais de 2,6 milhões retweets.

Há 20 anos, quando o celular chegou ao Brasil, não poderíamos imaginar os inúmeros recursos que estariam hoje disponíveis ao alcance de nossas mãos. Contudo, ao mesmo tempo que esses recursos tecnológicos nos trazem grandes benefícios, podem criar sérios problemas. Somos salvos pela tecnologia e reféns de seu uso. Mas não se pode condenar a internet. Ela está à nossa disposição tanto para o bem quanto para o mal, depende do objetivo a que se destina. Segundo a pesquisa TIC Kids Online Brasil, realizada pelo Centro de Estudo sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (CETIC) em 2014, o celular é o principal meio de acesso à internet, entre os usuários de 9 a 17 anos de idade.

A tecnologia causou, e continua a causar, grandes mudanças na sociedade. Até pouco tempo atrás, costumávamos folhar as páginas de um jornal ou de uma revista para nos manter atualizados e bem informados. Hoje sabemos tudo o que está acontecendo no mundo em questão de segundos, a alguns cliques. Antes saíamos mais cedo da cama, sem perder muito tempo com a infinidade de conteúdos instantâneos a serem consumidos diariamente. Abrir a janela para ver se faz sol ou chuva, pegar fila em banco e ligar solicitando um táxi, pra quê? Se podemos checar a previsão do tempo, pagar as contas e chamar o táxi mais próximo por um aplicativo. Além de ficar por dentro de vários temas e assuntos, podemos conhecer lugares diferentes e acompanhar a rotina de várias pessoas na internet, sejam elas conhecidas ou desconhecidas.



Quando éramos crianças, brincávamos nos parques, íamos a eventos em grupos e participávamos de gincanas (isto vale para quem nasceu no século XX). Nos dias atuais, os parques se encontram praticamente vazios, a maioria dos eventos são realizados via Facebook e as atividades acontecem por meio de grupos no Whatsapp. Naqueles tempos, costumávamos participar de conversas físicas com mais facilidade, olhávamos mais para quem estava em nossa companhia e vivíamos mais o mundo real. Atualmente, as conversas rolam soltas através de telas e teclados, buscamos saber mais sobre o outro (às vezes, quem nem ao menos conhecemos), que dar atenção a quem disponibiliza parte de seu tempo para nós. De acordo com o sociólogo francês Dominique Wolton, as redes sociais mascaram a ausência de comunicação entre as pessoas. Wolton diz que as redes sociais só funcionam para formar comunidades, pois buscamos nos relacionar apenas com as pessoas que possuam nossos mesmos interesses, e acabamos não nos relacionando em sociedade, onde precisaríamos aprender a conviver com as diferenças.



Posso dizer que tudo isso faz parte da cultura do status à qual pertencemos, onde queremos ser deuses: oniscientes, onipresentes e onipotentes. Nesta era digital, agimos feito Thomas Anderson no filme Matrix, que ignorava o mundo em que vivia para viver em um mundo ilusório. Hoje em dia, uma curtida pode significar muito mais que uma demonstração de afeto e um comentário pode valer muito mais que um diálogo. Como se um comentário ou uma curtida suprisse toda a carência e transfigurasse o vazio à fama súbita em cada "like": estou conectado, logo existo. Admiráveis por fora, ocos por dentro.

O vídeo que fez 80% das pessoas desligarem o celular pelo resto do dia

Em um experimento na Inglaterra, mostraram esse vídeo para um grupo de 200 universitários, com o objetivo de descobrir se ele surtiria alguma mudança na vida dessas pessoas. O resultado foi surpreendente. Assista:

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