15 de maio de 2016

Superativa na terceira idade

Já dizia o filósofo inglês John Locke: "Mente sã em um corpo são é uma descrição curta, mas completa, de uma condição feliz neste mundo". Aos 94 anos, a professora aposentada e artista plástica Sara Jardim, esbanja disposição e bom humor. Natural de Montevidéu no Uruguai e naturalizada brasileira, Sara é exemplo de elegância, simpatia e vitalidade.


"Ler, se interessar por arte e ter amizades me mantêm ativa", afirma.

Quando perguntada sobre o segredo para manter-se sempre jovem, ela responde: "Não tem segredo". Sara completa 95 anos em agosto e diz que não existe cura para a velhice, mas confessa que nunca parou de trabalhar durante toda a sua vida e sempre manteve a cabeça ocupada, podendo ser este o caminho da longevidade aliado à qualidade de vida.

Sara chegou a cursar Medicina por dois anos em Montevidéu, onde conheceu seu marido, o cachoeirense Geanone Jardim, já falecido. Casou-se com ele aos 23 anos e em seguida largaram a faculdade para vir morar em Cachoeira. Cinco anos depois, já residindo na cidade, Sara foi nomeada cônsul uruguaia e assumiu o cargo durante 25 anos. Geanone fez Direito na PUC, em Porto Alegre. Relembrando o passado, Dona Sara enche os olhos de lágrimas quando fala do marido, que ficou tetraplégico e mudo aos 40 anos devido a uma doença neurológica que, segundo ela, ninguém descobriu o motivo. "Ele sobreviveu dez anos numa cama, mas a consciência e a memória estavam normais. Eu conseguia me comunicar com ele através de uma máquina de escrever. Muito triste", recorda. 

Descendente de franceses, Sara foi alfabetizada em francês e espanhol. Foi professora de línguas estrangeiras no extinto curso de Tradutor e Intérprete na Escola João Neves da Fontoura por 28 anos e deu também aulas de arte, pintura e porcelana na garagem de casa há aproximadamente 30 anos. "Vinha gente até de fora de Cachoeira para assistir às minhas aulas", lembra.

MULHER ATIVA

Sara é coordenadora do grupo Sempre Ativas, formado por cerca de 30 professoras aposentadas que se reúnem em sua casa. "A mais velha da turma sou eu", comenta. A aposentada também participa ativamente do Chá das Martas, grupo de senhoras que se reúnem no Centro de Pastoral. Leitora assídua, costuma ler de 10 a 12 livros por ano, inclusive jornais e revistas.

FAMÍLIA DE ESTRELAS


O ator goiano Alejandro Claveaux, que interpretou o César Santana na novela Alto Astral (2015), da Rede Globo, e Beto Assunção no filme "Meu passado me condena" (2013), é sobrinho-neto de Sara Jardim. Seu pai, o médico epidemiologista Enrique Claveaux foi ministro de Saúde Pública do Uruguai. Dona Sara teve dois filhos, Mário Claveaux Jardim, que faleceu aos 63 anos, e Mônica Claveaux Jardim, 64, a rainha da 2ª Fenarroz. Mário se declarou epilético aos três anos de idade, mas a doença não impediu que ele se formasse em Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cachoeira do Sul (Fafil). Sara também tem três netos e três bisnetos.

EXPOSIÇÕES DE ARTE EM CACHOEIRA

Desde que se aposentou, Sara começou a se ocupar com arte, fazendo design de peças, trabalhos manuais minuciosos em vidros, pinturas e colagens de porcelana, cerâmica, quadros e também decorando ambientes internos e externos. A artista plástica fazia exposições das peças na Escola Superior de Artes Santa Cecília, no prédio da Casa de Cultura Paulo Salzano Vieira da Cunha, onde vendia os artigos por preços variáveis, mas confessa que sua intenção era mostrar sua arte. Entre os trabalhos mais significativos estão um vaso revestido com conchas do mar de Punta del Este, trazidas pelo bisneto Vincent, 4, e um porta-guarda-chuva com base de cachepô feita de alumínio com aplicações de cerâmica.

Fonte: Revista Linda - ano 9, nº 102, maio 2016 (adaptado).

Texto: Gabriel Rodrigues.

Revisão: Marielle Rodrigues de Oliveira.

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