21 de novembro de 2016

Dia da Consciência Negra: o racismo ainda existe nos dias de hoje?

Dia 20 de novembro foi instituído como o Dia da Consciência Negra em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares, que lutou contra o sistema escravista no Brasil. A data nos faz refletir sobre a posição dos negros na sociedade e como a população negra vive no país. Convidamos cinco leitores para responder: O racismo ainda existe nos dias de hoje? E de que forma ele se manifesta? Veja o que eles disseram logo abaixo.

Vitória Corrêa Brasil, 15, estudante e Broto Simpatia 2016


“Ainda existe muito preconceito nos dias de hoje, pois os negros não são bem vistos, sempre foram e continuam sendo olhados com inferioridade. Eu, por exemplo, nunca sofri racismo diretamente, mas já fui olhada ‘de cima’ por muita gente ao chegar a alguns lugares. E tenho muito orgulho de fazer parte da corte do Broto Cachoeira do Sul 2016 e poder representar todas as meninas negras periféricas com cultura”.

Adriano de Freitas Moraes, 30, técnico em manutenção


“Sim, realmente ele existe, de forma mascarada pelos que o recebem e pelos que o cometem. Exemplo de uma forma preconceituosa e de distinção entre raças é a criação de cotas em concursos, onde se diferencia raças e não realmente seus reais conhecimentos intelectos. Esta é uma forma de preconceito mascarada onde quem o recebe não se importa. Lutamos anos por igualdade, mas jogamos fora toda nossa cultura por nos deixarmos corromper, por nos acharmos inferiores, baixamos a cabeça quando vimos ou ouvimos o preconceito e o racismo nos afrontando. Somos todos filhos de um só Criador, por isso não haveria de existir a distinção de raças. Não sou preto, não sou pardo, não sou mulato, sou um ser humano”.

Julyana Noronha, 31, professora


“O racismo existe e persiste dia após dia e não apenas com o negro, mas com o pobre, o diferente, o deficiente. Uma negra não pode ser bonita e vencer na vida que já é prejulgada pela cor de sua pele, que, para muitos, significa não ter inteligência, atitude e autogerenciamento. Enfrentei o preconceito por ser mulher negra, mãe adolescente, pobre e moradora da periferia. Venci porque estudei e trabalhei muito, consegui meu diploma, meu concurso público e hoje tento passar esta mensagem para meus alunos. Uma negra pobre é vista diferente ao entrar em uma loja, em um evento. Vivemos outra etapa da história, mas o preconceito contra a cor da pele ainda persiste e as mulheres negras ainda são vistas como um objeto de desejo sexual para os homens... Nós mulheres negras precisamos todos os dias provar que não somos apenas beleza, mas temos muito conteúdo para lutar, trabalhar, criar nossos filhos, cuidar de nossos alunos, passar nossa mensagem de fé e esperança. Para um dia derrotar o racismo e todo o preconceito que existe também contra homossexuais, deficientes, obesos, etc.”. 

Mariana Felix de Quadros, 21, acadêmica de Relações Internacionais 


“O racismo está estruturado na sociedade brasileira. A falta de negros e negras nos espaços institucionais e nos espaços de poder é a demonstração que ele ainda impera nas nossas relações. No Brasil existe uma ideia de que o racismo não existe mais, o que é um grande equívoco, pois não é difícil perceber que as oportunidades não são as mesmas para o povo negro e que sim, o preconceito é um fator que obstrui o acesso aos direitos iguais a todos”. 

Eurico da Silva, 61, músico 


“O racismo existe e de forma velada. Ele está dentro de cada ser, mas muitos não sabem por que praticam e isso já vem arraigado de outras gerações. Muitas pessoas dizem: ‘Eu não sou racista’, mas no primeiro desentendimento usam termos pejorativos, muitas vezes sem sentir que está sendo racista. No entanto, o próprio negro é racista. Nas brincadeiras, no próprio direito de brincar e julgar o irmão pela cor. Eu percebo em muitas camadas sociais que alguns negros que se destacam querem se sobressair aos seus condescendentes porque galgaram uma posição na sociedade que os outros não conseguiram”. 

Fonte: Revista Linda - ano 9, nº 108, novembro 2016 (adaptado). 

Texto: Gabriel Rodrigues. 

Revisão: Marielle Rodrigues de Oliveira.

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