Encontrar pelas ruas uma mulher bonita e com uma arma na cintura não é algo muito comum. Conheça a história da delegada de Polícia Civil Fabiane de Vargas Bittencourt, 35, que atua na cidade de Cachoeira do Sul (RS). Eleita a capa da revista Linda (publicação mensal do Grupo Vieira da Cunha) deste ano, a delegada fala sobre sua carreira, maternidade, vida pessoal e pensa em inspirar outras pessoas contando um pouco de sua trajetória de vida. "Posso incentivar outras mulheres a buscarem seu espaço, driblar as dificuldades e fazer dos obstáculos fonte de superação", conta.
Créditos: Vanessa Soares.
AUTORIDADE POLICIAL – Com 27 anos de idade Fabiane assumiu o cargo de delegada de Polícia, sendo a policial civil mais jovem da região. "Além disso, era mulher e chefe", orgulha-se. "Cheguei a sentir certa desconfiança dos colegas no início, mas em pouco tempo mostrei que era capaz", afirma. Hoje, a delegada reconhece o respeito, a admiração e a amizade dos profissionais que trabalham ao seu lado.
"As mulheres têm ocupado posições de destaque na sociedade. Em Cachoeira, por exemplo, os cargos da área jurídica, como de juiz, promotor, delegado e defensor público, são exercidos, na sua maioria, por mulheres. Logo, a mulher, pela sua inteligência emocional, determinação e capacidade, dentre tantos outros adjetivos que lhe são peculiares, não precisa se subjugar a qualquer relação machista, seja ela profissional ou pessoal", salienta.
Mesmo que a atividade lide somente com as mazelas sociais, Fabiane diz que procura atuar com humanidade e se declara realizada com a profissão. "Comandar uma Delegacia de Polícia demanda muita responsabilidade, pois a garantia da integridade de pessoas, assim como a liberdade de outras, está em nossas mãos", destaca. "Quando saio de manhã para o trabalho nunca sei como será o dia nem que horas voltarei para casa. Mas são essas características que fazem a atividade policial apaixonante", afirma.
ROTINA X VAIDADE – Para Fabiane, não é tarefa fácil manter a vaidade com a rotina agitada de uma delegacia. "Tenho que driblar o trabalho para conseguir ir à academia, ao salão de beleza ou comprar roupa", conta. Sobre o mito de que a mulher é o sexo frágil, Fabiane afirma que as mulheres são fortes, pois elas têm uma capacidade impressionante de cuidar da casa, da família, da carreira profissional e da beleza de forma exitosa. "O que muitos consideram fragilidade é, na verdade, sensibilidade", esclarece. Se a vaidade atrapalha a imagem da autoridade, Fabiane discorda: "Entendo que é até agradável aos que procuram a Delegacia de Polícia ser atendidos por uma mulher elegante, pois desmistifica a ideia de que delegacia é um ambiente truculento e masculino".
OS DESAFIOS DA MATERNIDADE – Fabiane foi mãe aos 16 anos, quando estudava no Marista Roque. "Foi um momento difícil, tive que abrir mão de seguir os estudos fora da cidade para me dedicar à maternidade", relata. Em razão da gravidez precoce, Fabiane sentiu o preconceito por parte de algumas pessoas. "Graças ao apoio da família consegui enfrentar a situação e fazer uma inspiração para crescer", conta. Quando entrou na faculdade, sua filha, a Júlia Bittencourt Gonçalves, tinha dois meses. "Meus pais levavam o bebê durante o intervalo da aula para eu amamentar". Seguindo os passos da mãe, Júlia, que hoje está com 17 anos, cursa Direito. "Para mim é um grande orgulho", diz Fabiane.
BONITA E INTELIGENTE – As dificuldades não impediram Fabiane de formar-se como a primeira colocada da turma e de ganhar uma bolsa de estudos na Escola do Ministério Público, sendo aprovada no primeiro exame prestado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). "Depois de formada, foram mais alguns anos de estudo em Porto Alegre e fui aprovada em vários concursos públicos, entre eles o de delegada de Polícia", conta.
Fonte: Revista Linda - ano 9, nº 102, maio 2016 (adaptado).
Texto: Gabriel Rodrigues.
Revisão: Marielle Rodrigues de Oliveira.
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