As férias estão aí e um dos itens que não podem faltar na mala de viagem é a câmera fotográfica. Afinal de contas, você nunca sabe o que irá encontrar pelo caminho e o cenário pode lhe render bons cliques. No entanto, fotografar é muito mais que só apertar um botão, exige técnica, mas acima de tudo, talento, sensibilidade e olhar apurado, características essas que a fotógrafa portoalegrense Morgana Mazzon (30) tem de sobra. Formada em psicologia pela PUCRS, Morgana transfere seu conhecimento das emoções para as lentes da câmera há quatro anos, exercendo simultaneamente as duas profissões. Suas fotos inspiram arte, poesia e liberdade, despertando os mais variados sentimentos em quem as contempla.
Morgana Mazzon por Joe Nicolay
RESIDÊNCIA NA EUROPA
Em 2014 Morgana fez residência fotográfica no sul da Europa (Portugal, Espanha e França) durante três meses. "Essa experiência foi libertadora, cresci muito pessoalmente e profissionalmente", diz. Os cliques renderam uma exposição intitulada
"Flâneur", em parceria com o fotógrafo Marcelo Ruduit, no Shopping Rua
Da Praia em Porto Alegre (RS), no último mês de março.
PROJETO FOTOGRÁFICO
Morgana há dois anos desenvolve o projeto Resiliência, com mulheres vítimas do câncer de mama. "Um dos objetivos deste trabalho é experimentar o papel terapêutico da fotografia e o impacto dela na autoestima dessas mulheres", conta.
CAPAS DE REVISTAS
As fotos de Morgana já estiveram no site das revistas Vogue Itália e Marie Claire Brasil, inclusive duas vezes na coluna do Roger Lerina, no jornal Zero Hora. Ela também fez as fotos de capa da revista de arte J’adore e da edição de novembro da Linda, de Cachoeira do Sul.
PROJETO FOTOGRÁFICO
Morgana há dois anos desenvolve o projeto Resiliência, com mulheres vítimas do câncer de mama. "Um dos objetivos deste trabalho é experimentar o papel terapêutico da fotografia e o impacto dela na autoestima dessas mulheres", conta.
CAPAS DE REVISTAS
As fotos de Morgana já estiveram no site das revistas Vogue Itália e Marie Claire Brasil, inclusive duas vezes na coluna do Roger Lerina, no jornal Zero Hora. Ela também fez as fotos de capa da revista de arte J’adore e da edição de novembro da Linda, de Cachoeira do Sul.
Confira a entrevista com a fotógrafa Morgana Mazzon.
1) Quando e como você começou a fotografar e a estudar fotografia?
"Sempre gostei muito de fotografia. Minha primeira câmera, ainda analógica, ganhei no meu aniversário de 13 anos. Mas foi em 2010, já com uma câmera digital, que passei a levar o hobby mais a sério. Comecei fotografando espetáculos teatrais de amigos, nessa época estudava psicologia e nem cogitava fotografar profissionalmente. Meu sonho era ser psicóloga e trabalhar exclusivamente na área da saúde. Mas como eu costumo dizer: 'A fotografia me pegou pelas tripas'. Foi uma paixão recíproca e muito forte, quando vi estava totalmente envolvida, nem sei direito como explicar. Aos poucos, com ela, descobri uma nova forma de ajudar as pessoas, o que me satisfez completamente. Meus estudos na fotografia começaram de forma autodidata, praticando muito (quase todos os dias), lendo muita coisa na internet. Muito tempo eu usei apenas a 'intuição', a 'santa intuição' (risos) para fotografar. Eu me arriscava em todas as funções manuais da câmera, sabia explicar como tinha feito a foto, mas não sabia explicar porque tinha feito de tal forma".
"A psicologia me inspirou e me inspira profundamente. Estou sempre buscando pontos de interseção entre a psique e a imagem", fala Morgana
2) Quais foram os seus maiores desafios no início da carreira?
"A fotografia é uma profissão muito desafiadora, e justamente por isso que me encanta tanto. Mas acredito que o maior deles foi aprender a valorizar o meu próprio trabalho. O trabalho artístico, em geral, ainda é muito desvalorizado. O grande 'boom' tecnológico democratizou a fotografia - qualquer pessoa tem acesso à câmeras potentes e programas de edição de imagens no próprio celular. Porém, acredito que impactou no trabalho do fotógrafo, uma vez que as pessoas em geral acreditam que 'é só apertar um botão' para ter boas imagens, acabam desvalorizando um profissional. Para me afirmar no mercado, tive muita dificuldade em saber como precificar meu trabalho levando em conta meu tempo de estudo, de produção, de edição e retoque de imagem, além do investimento em equipamentos e ter segurança para passar tudo isso para os meus clientes. Outro grande desafio que ainda enfrento é adequar o meu estilo de fotografia à necessidade e orçamento do trabalho. Procuro conciliar ao máximo as duas coisas para manter minha assinatura e identidade atendendo a vontade do cliente".
3) Você acredita que conseguiu se destacar nesse meio tão concorrido que é a fotografia?
"Essa questão de 'destaque' é algo subjetivo... Eu diria que depende de qual contexto estamos falando. Em determinado contexto, dentro da minha cidade, acredito que sim, que esteja conseguindo me destacar e ser reconhecida pelo meu trabalho. Mas a fotografia é um universo imenso e não há limites. Há muito que aprender e expandir".
4) Qual o significado da fotografia na sua vida?
"A fotografia me aproximou do mundo e de mim mesma. Ela é muito mais do que um trabalho, é meu estilo de vida. Envolve a forma como me relaciono com o mundo e como me comunico com ele. Da mesma forma, ela revela meu universo interior, meus sonhos e inquietações... Revela a forma como eu vejo e observo as coisas, minhas reflexões mais profundas. Além disso, ela é meu objeto terapêutico e de meditação, contemplação. Quando estou fotografando, estou inteiramente no presente".
5) Quais são os aspectos positivos e negativos da profissão de fotógrafo?
"Tudo tem seu lado bom e ruim. Amor é perceber isso e ainda assim considerar que a parte boa faz tudo valer a pena. Os aspectos negativos estão muito ligados à instabilidade que qualquer profissional liberal enfrenta, mas gosto de ver isso como um desafio. Além disso, a possibilidade de trabalhar em lugares diferentes, sempre em situações diferentes compensa todo o resto".
6) Suas fotos têm um visual retrô, naturalista e artístico. O que você busca transmitir através de seus cliques?
"Eu sou uma pessoa muito nostálgica. Vivo essas sensações intensamente. Sinto saudade de coisas que passaram, mas também sinto saudade de coisas que não vivenciei, de lugares que não conheço. Gosto de viver isso através da fotografia, me aproximar desse universo que habita no meu imaginário de uma forma tão íntima, como se eu tivesse revisitando outra época dentro da atualidade".
7) De onde vem a sua inspiração para fotografar?
"Minha inspiração vem da vida, do meu cotidiano. Eu costumo ver tudo enquadrado; estou sempre fotografando, mesmo sem câmera. A experiência de trabalhar em um hospital psiquiátrico sem dúvida também me alimentou muito nesse aspecto. Descobri que tenho um gosto especial pelo insólito, pelo caos, pelo incomum. E gosto quando as pessoas se surpreendem e conseguem ver beleza no caos através das minhas fotos".
8) Até onde você deseja chegar com o seu trabalho?
"Eu não sei onde quero chegar. Atualmente não tenho grandes planos, tenho ideias. Tudo pode mudar. Mas sem dúvida a fotografia sempre estará na minha vida. Quero estar junto com ela onde eu for".
DICA DE FOTOGRAFIA
Acredito que estar presente é o fundamental. Fotografia é resultado da relação entre fotografo e modelo/objeto. É preciso estar atento, estar presente para captar a essência do momento. Às vezes, nos apegamos muito à técnica, às condições ideais de luz e isso nos afasta do presente. É importante dominar a técnica não só para fazer uso dela, mas para saber quando se pode abrir mão dela em nome de algo maior.
Fonte: Morgana Mazzon
Inspire-se com as fotos de Morgana Mazzon a seguir.
Balões nos céus de Cambará do Sul
Modelo: Morgana Ludwig
Modelo: Angelo Bonini
Parque de diversões no Jardin des Tuileries (Jardins das Tulherias), ao lado do Palácio do Louvre, em Paris
Modelo: Savana Sá
Modelo: Thalen Ruggeri
Modelo: Giulia Frota
Modelo: Joe Nicolay
Modelo: Gabriela Steinhaus/ Projeto Exorcismos Urbanos
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