31 de outubro de 2013

A química do amor

Basta despertar o sentimento de amor para que se evidenciem as modificações que brotam do interior e transpiram para o exterior. Você já deve ter ouvido a expressão: "Rolou química", não é? O dito vai além do sentido figurado, está presente de forma mais concreta, capaz de produzir reações visíveis no corpo inteiro. Há uma mistura de componentes e substâncias químicas acontecendo em todas as partes do corpo do apaixonado. Entre essas substâncias estão a adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, oxitocina, serotonina e as endorfinas. A adrenalina causa a aceleração do coração, enquanto a endorfina produz uma sensação de prazer e relaxamento. 

Cientistas afirmam que o cheiro natural do corpo é o fator determinante para se iniciar um relacionamento amoroso. O que estabelece a ligação entre o casal é a compatibilidade de cheiro, causando ou não a combinação química. Indubitavelmente, desvincular-se de uma relação amorosa pode ser uma experiência difícil e bastante dolorosa, tendo em vista que o amor é considerado um vício por estudos da neurociência.


Em alusão ao Halloween, comemorado neste 31 de outubro, a metáfora envolvendo dois componentes químicos - a putrescina e a cadaverina, que atuam como agentes decompositores encontrados em cadáveres - vivenciam uma história de amor. O que faz lembrar do filme "A Noiva Cadáver" (Corpse Bride, na versão original), que conta a história de Emily, morta antes mesmo de seu casamento e que acaba forçando Victor, um jovem noivo, a casar-se com ela. A animação dirigida por Tim Burton é comovente e com uma riqueza de detalhes impressionante.

METÁFORA
A putrescina idealizou o futuro ao lado de que ama (já amou). Enfeitou o céu, a terra e o mar, inundado por sentimentos profundos e verossímeis. Construiu uma escada para chegar ao topo da montanha e pendurar estrelas para iluminar o caminho de quem lhe despertou o sentimento mais nobre. Trocou as fases da lua para acompanhar as mudanças e transformações internas e o sol como contraposto, para aquecer as esperanças do amanhã incerto. O tempo passou e os sentimentos tomaram-lhe um espaço maior. Mas insistia em permanecer no silêncio, enquanto planejava a melhor maneira de demostrar os seus sentimentos. 

O tempo decolou e a putrescina foi engolida por seus medos. A cadaverina que vivia discretamente mergulhada na quietude, de repente superou suas expectativas e não titubeou, avançou de vez. Inesperadamente, a cadaverina conquistou o amor de quem a putrescina já amou. Desprezada, a putrescina passou a sofrer com a rejeição. Seu coração se encheu de ódio e amargura. O tempo urge e não permite ensaios longos, mas ações breves. A cadaverina corresponde o mesmo amor que lhe é dado num ritmo acelerado, enquanto a putrescina estancou a cicatriz e teve que se desaproximar de quem já amou (ou ainda ama, já não sabe mais). Mas aprendeu que o amor não tem uma fórmula certa. Ninguém prevê a química, ela acontece quando uma mistura de elementos se consumam. E quando não funciona é capaz de deixar ambos intoxicados. Putrescina percebeu o quão é difícil aprender, o quão é difícil amar alguém.

Clique no "play" e assista a uma cena do filme "A Noiva Cadáver" com a música que é um solo de piano.

"Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio".  Paracelso, médico e físico do século XVI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Parceiros