28 de março de 2017

Restaurador descobre 'Atlântida' perdida no RS

Na tarde deste último sábado (25), a cidade de Cachoeira do Sul, na região central do RS, foi agraciada com dois grandes presentes: a inauguração do restauro do Chatodô (Château d'Eau, em português "Castelo d'Água"), principal cartão-postal que ressurge em sua imponência, e o tombamento do mesmo como Patrimônio Histórico e Cultural do Estado do Rio Grande do Sul. Veja como ficou o resultado final:


Foto panorâmica da Praça Balthazar de Bem: o Chatodô e o Paço Municipal (ao fundo) revitalizados (Crédito da foto: Gustavo Weiss)

CIDADE PERDIDA DE ATLÂNTIDA 

Em palestra no Orlando Plaza Shopping, o restaurador Antônio Sarasá, proprietário do Estúdio Sarasá, empresa de São Paulo responsável pelo trabalho, revelou descobertas surpreendentes sobre Cachoeira e o Chatodô. Para ele e sua equipe, essa é a "cidade utópica" descrita pelo filósofo grego Platão, tendo como base a lista de elementos simbólicos que contribuem para tal conclusão, como a presença de Netuno (ou Poseidon, deus dos mares e oceanos. Situado no topo do antigo reservatório) e das ninfas (protetoras das águas. Dispostas ao redor), a vista do alto do monumento e as lavouras de arroz que rodeiam o município, intitulado Capital Nacional do Arroz. 

DESVENDANDO MISTÉRIOS

De acordo com Sarasá, o próprio desenho da disposição do Chatodô é similar aos textos que descrevem Atlântida, a cidade perdida. Ainda segundo o restaurador, as 12 palmeiras no entorno podem ter relação com os meses do ano e com o Zodíaco, reforçando a teoria que a torre seja uma espécie de relógio solar. Além disso, há um enigma nas formas geométricas que circundam a praça. As estrelas desenhadas no chão apontam para o sol em um dia específico do ano, como explica Sarasá. "Conforme o período do ano, podemos observar que apenas Netuno fica iluminado pela luz solar. Em outros períodos, as colunas são iluminadas de maneira diferente. Parece que pegam fogo", disse ele, em entrevista ao jornal O Correio. 

CURTA-METRAGRAM

Em homenagem à reinauguração do Chatodô, o fotógrafo e produtor de filmes Cristianno Caetano lançou um curta-metragem intitulado "A Volta do Castelo D'Água", em parceria com a Pró Saúde Multiclínica. A produção contou com um elenco de mulheres cachoeirenses que encenaram as ninfas. O jornalista conterrâneo Alexandre Garcia compartilhou o vídeo em sua página no Facebook: "Nasci ao lado do Château d'Eau, lugar das brincadeiras da infância, após 90 anos restaurado e dando vida às suas ninfas e ao Netuno", escreveu. 

Assista ao curta "A Volta do Castelo D'Água":



SAIBA MAIS 

O Chatodô é um torreão vazado em estilo neoclássico, com colunas dóricas no térreo, jônicas no primeiro andar e coríntias no último lance. Foi construído com a finalidade de levar água ao reservatório de distribuição na Rua Júlio de Castilhos e, ao mesmo tempo, regular a pressão da água nas zonas mais elevadas da cidade, até que foi desativado em junho de 1970. 

A restauração iniciou no começo de maio de 2016, obra executada por técnicos do Estúdio Sarasá, que custou R$ 1,1 milhão e foi patrocinada pela Corsan. Agora revitalizado o Chatodô retornou à sua pintura original, na cor ocre (amarelo-escuro).

Durante a cerimônia de inauguração do restauro, a professora e pesquisadora Mirian Ritzel, representante do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Cachoeira do Sul (Compahc), destacou que preservar bens históricos e culturais é preservar a identidade de um povo. Na ocasião, o presidente da Corsan, Flávio Ferreira Presser, ressaltou a importância de conservar os nossos recursos hídricos e o nosso patrimônio.

Após a solenidade, a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) realizou um concerto com entrada franca, na Igreja Matriz. 

CURIOSIDADES

Seu projeto arquitetônico foi elaborado pelos engenheiros Walter Jobim e Antônio de Siqueira em 1925, no governo do Dr. João Neves da Fontoura. As esculturas (Netuno e grupo de ninfas) foram feitas nas oficinas do aclamado escultor João Vicente Friedrichs, em Porto Alegre, sob a direção do professor Giuseppe Gaudenzi, escultor italiano radicado na capital gaúcha. 

Junto ao Paço Municipal (reformado recentemente) e à Catedral Nossa Senhora da Conceição (em reforma), o Chatodô integra um sítio histórico na Praça Balthazar de Bem, formando um dos mais importantes conjuntos arquitetônicos do Rio Grande do Sul.

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