18 de novembro de 2016

Vigorexia: a obsessão pelo corpo perfeito

Quando você se olha no espelho gosta do que vê? A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a prática de atividade física para todas as faixas etárias por pelo menos uma hora diária, podendo estender esse tempo a partir dos 18 anos de idade para obter benefícios adicionais. Mas e quando isso foge do controle a ponto de a pessoa viver insatisfeita com a própria imagem na busca pelo corpo perfeito?


A psicóloga Sanny Azambuja, 24, sendo um ano e meio de atuação, explica que a obsessão pelo corpo perfeito é denominada vigorexia, doença também conhecida como Dismorfia Muscular e Anorexia Nervosa Reversa, que leva o sujeito a se enxergar muito mais fraco do que realmente é, tendendo a buscar alimentos, exercícios e suplementos para aumentar cada vez mais a sua massa muscular. “A primeira manifestação da perda da autoconfiança é percebida quando o corpo que se tem não está de acordo com o estereótipo idealizado pela sociedade”, alerta. Assim, a busca pelo físico ideal vira obsessão e afeta a saúde. “A imagem corporal está relacionada com a autoestima, que significa amor-próprio, satisfação pessoal e, acima de tudo, estar bem consigo mesmo. Se existe uma insatisfação, ela se refletirá na autoimagem”, afirma.

AUTOIMAGEM DISTORCIDA 



Segundo a psicóloga, os indivíduos acometidos pela vigorexia frequentemente se descrevem como “fracos e pequenos” quando na verdade apresentam musculatura desenvolvida em níveis acima da média da população masculina, caracterizando uma distorção da imagem corporal. “Estes se preocupam de maneira anormal com sua massa muscular, o que pode levar ao excesso de levantamento de peso, prática de dietas hiperproteicas (grande quantidade de proteína), hiperglicídicas (quantidades aumentadas de gorduras) e hipolipídicas (pouca gordura) e uso indiscriminado de suplementos proteicos, além do consumo de esteroides anabolizantes”, esclarece.

SAIBA MAIS


A jornalista Daiana Garbin, esposa do apresentador Tiago Leifert, desde a infância sofre de problemas relacionados à sua autoimagem. Hoje, aos 34 anos, Daiana decidiu lançar o canal no YouTube “EuVejo” para falar sobre distúrbios alimentares e distúrbios de transtorno de imagem, como anorexia, bulimia e vigorexia, com a ajuda de especialistas, trazendo depoimentos de espectadores. “Desde os cinco anos eu odeio o meu corpo. Eu me olho no espelho todos os dias e me sinto gorda. Continua sendo uma batalha sair de casa”, desabafou em seu primeiro vídeo.

DIAGNÓSTICO DA DOENÇA

Sanny diz que um dos principais fatores causais de alterações da percepção da imagem corporal é a imposição pela mídia, pela sociedade e pelo meio esportivo de um padrão corporal considerado ideal ao qual associam o sucesso e a felicidade. “A sociedade atual vem produzindo a manifestação do que é estético e, principalmente, do que deve ser almejado exibindo um padrão extremamente rígido quanto ao corpo ideal e não se dá conta da produção de um sintoma coletivo que circula por todos os ambientes”, denuncia.

10 SINTOMAS DA VIGOREXIA

. Dor muscular persistente por todo o corpo 
. Cansaço ao extremo 
. Irritabilidade 
. Depressão 
. Anorexia 
. Dieta muito restritiva 
. Insônia 
. Aumento da frequência cardíaca ao repouso 
. Menor desempenho durante o contato íntimo 
. Sentimento de inferioridade

Fonte: Sanny Azambuja

8 FATORES QUE LEVAM À VIGOREXIA

. Massa corporal
. Influência da mídia
. Internalização do ideal de forma corporal 
. Baixa autoestima
. Insatisfação pelo corpo 
. Falta de controle da própria saúde
. Efeito negativo
. Perfeccionismo e distorção corporal

Fonte: Sanny Azambuja

2 PERGUNTAS PARA SANNY AZAMBUJA

1) Pessoas que frequentam academias são mais propensas a desenvolver a doença? 

“Alguns pesquisadores indicam que frequentadores assíduos de academia que realizam exercício físico em excesso na busca de um corpo perfeito fazem parte do grupo de pessoas que sofrem de vigorexia. Essas pessoas se tornam perfeccionistas consigo mesmas e obsessivas pelo exercício, passando horas dentro das academias. Estes complexos podem ser agravados pela busca inconstante da beleza física acompanhada de ansiedade, depressão, fobias e atitudes compulsivas e repetitivas (como olhadas seguidas no espelho)”.

2) Existe tratamento definitivo? 

“É de extrema importância identificar e orientar o grupo de risco para o desenvolvimento de distúrbios alimentares através de profissionais especializados, como nutricionistas, psicólogos, médicos e treinadores, para o sucesso do tratamento, visando o bem-estar físico e mental destes indivíduos. O tratamento psicológico poderá identificar os padrões distorcidos de percepção da imagem corporal, verificar aspectos positivos da aparência física, abordar e encorajar atitudes mais sadias e enfrentar a aversão de expor o corpo. No entanto, está longe de obtermos uma solução para esta patologia, que se torna cada vez mais forte nos dias atuais, já que cada vez mais ela se silencia”.

Fonte: Revista Linda - ano 9, nº 107, outubro 2016 (adaptado). 

Texto: Gabriel Rodrigues. 

Revisão: Marielle Rodrigues de Oliveira.

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