Pela primeira vez em 70 anos após a explosão da bomba atômica de Hiroshima, um presidente norte-americano visitará a cidade japonesa bombardeada no fim da Segunda Guerra Mundial. Barack Obama irá promover um debate sobre a não proliferação de armas nucleares, acompanhado do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe no dia 27 de maio deste ano. O presidente adiantou que não irá pedir desculpas pelo ataque. Para entender um pouco mais esse triste e marcante episódio que entrou para a história mundial, confira logo abaixo uma descrição do livro "Hiroshima".
Foto rara da bomba atômica de Hiroshima cerca de meia hora depois da explosão, a uma distância de aproximadamente 10 quilômetros. (Foto: AFP / Escola Honkawa).
RESENHA DO LIVRO "HIROSHIMA":
O livro Hiroshima, escrito pelo jornalista John Hersey em 2002, traz os relatos comoventes de seis sobreviventes da bomba atômica que causou uma catástrofe nessa cidade japonesa, no dia 6 de agosto de 1945. Hersey escreveu uma reportagem que ocupou a edição inteira da revista The New Yorker sobre a tragédia, um ano após o ocorrido. Quarenta anos depois, ele foi convidado pelo fundador da revista, Harold Ross, a retornar à cidade para reencontrar seus entrevistados e completar seu trabalho.
Os bombardeios atômicos das cidades de Hiroshima e Nagasaki foram realizados pelos Estados Unidos contra o Império do Japão, no final da Segunda Guerra Mundial. Foi a primeira e única vez na história em que armas nucleares foram usadas em guerra e contra alvos civis, deixando mais de 200 mil mortos e feridos. A primeira bomba atômica devastou dez quilômetros quadrados da área central de Hiroshima, formada por seis ilhas no Rio Ota. Na manhã de 9 de agosto, a segunda bomba atômica foi lançada sobre Nagasaki, localizada na ilha de Kyushu. Três dias depois, foi lançada outra bomba em Nagasaki, dizimando uma grande parte da população nativa.
A maioria dos seis sobreviventes ficou gravemente ferida e sofreu os efeitos debilitantes das terríveis queimaduras e doenças da radiação. Cada um deles atribui sua sobrevivência ao acaso ou a um ato da própria vontade. Alguns ainda se perguntam porque estão vivos se tantos morreram. Quando a bomba detona, Srta. Toshiko Sasaki, funcionária da Fundição de Estanho do Leste da Ásia, inclinava-se para conversar com a colega na mesa ao lado, quando voa para longe sob estantes pesadas; Dr. Masakazu Fujii encontrava-se no terraço de seu hospital particular, quando é arremessado para um rio e espremido por duas vigas grandes; Sra. Hatsuyo Nakamura, viúva de um alfaiate, colocava seus filhos para dormir enquanto observava a demolição da casa vizinha pela janela, quando sua casa é destruída e todos acabam cobertos por escombros; Padre Wilhelm Kleinsorge estava deitado em um catre no prédio de seu departamento, quando desperta na horta da casa missionária, ferido e atordoado; Dr. Terufumi Sasaki caminhava por um dos corredores do hospital da Cruz Vermelha, cai no chão e olha com espanto para a cena fora da janela; Reverendo Kiyoshi Tanimoto descarregava um carrinho de mão na porta de um ricaço por temer o ataque já aguardado pela população, quando é jogado entre duas rochas grandes e atingido com os detritos de uma casa próxima.
Os seis sobreviventes da explosão da bomba atômica de Hiroshima.
Nas horas seguintes ao bombardeio, cada sobrevivente tenta livrar-se dos escombros para encontrar seus familiares e ajudar os outros. Hiroshima queimava e sofria com a chuva de radiação e com os vendavais. Dr. Sasaki passou vários dias trabalhando durante horas, tentando enfaixar os milhares de feridos. Mesmo ferido, Dr. Fujii encontrou o caminho de volta para casa para obter material de primeiros socorros e ajudar seus enfermeiros. Sra. Nakamura trabalhou incansavelmente para retirar três crianças vivas dos escombros, abrigando-as debaixo de árvores no Asano Park, uma propriedade usada como zona de evacuação. Srta. Sasaki passou dias nos escombros, até que foi resgatada semiconsciente e com a perna esquerda quebrada. Padre Kleinsorge ajudou pessoas presas sob casas e fez o seu caminho para o Asano Park, juntamente com o Sr. Tanimoto, que transportava milhares de pessoas em barcos às colinas. Ambos ajudaram feridos no parque, apagaram incêndios e pediram ajuda médica. No entanto, os feridos e moribundos eram tão numerosos, que os médicos não ajudavam os gravemente feridos. Durante esse período de dor e sofrimento, os sobreviventes lutaram para suportar e prestar ajuda.
Em 15 de agosto de 1945, o Imperador do Japão, Hirohito, discursou na rádio dizendo ao povo que o Japão se rendera aos Estados Unidos, terminando com a Segunda Guerra. Em seguida, terríveis doenças causadas pela radiação começaram a surgir. Apesar dos traumas físicos e psicológicos, os sobreviventes tentam encontrar novas formas de seguir em frente. Vivendo na pobreza, Sra. Nakamura e seus filhos sofreram de várias doenças, mas receberam ajuda médica e ela conseguiu aposentar-se. Dr. Sasaki iniciou uma prática médica lucrativa analisando os efeitos da radiação e casou-se. Padre Kleinsorge passou muitos anos doente, dentro e fora do hospital. Em 1977, ele entrou em coma e morreu, devido a um acidente no gelo que resultou em fraturas. Srta. Sasaki suportou inúmeras cirurgias na perna. Ela se converteu ao catolicismo e tornou-se uma freira. Dr. Fujii morreu de câncer, mas, após o bombardeio, seguiu sua vida em atividades na busca do prazer para si mesmo. O Reverendo Tanimoto, depois de viajar para os Estados Unidos a fim de angariar fundos para ajudar os hibakusha (expressão japonesa usada para se referir às pessoas afetadas pela explosão), aposentou-se.
PARTICIPE
Você já leu este livro? Divida conosco suas impressões e aproveite para deixar a sua opinião sobre a atitude do presidente Barack Obama de não pedir perdão pelo ataque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário