19 de março de 2016

Gírias da internet: criatividade ou atrocidade?

Você acha que sabe tudo sobre gírias? Só que não (SQN). Com a crescente popularidade das redes sociais e dos aplicativos de mensagens, novas palavras, frases e expressões surgem o tempo todo. A linguagem simplificada e informal utilizada na internet, conhecida como internetês, se estendeu para o mundo real colocando em dúvida se esta é uma demonstração de criatividade ou de atrocidade à língua portuguesa. Confira as gírias e os memes* mais usados do momento. #Partiu leitura.

Já acabou, Jéssica?


O meme surgiu com um vídeo do YouTube que mostra a briga entre Jéssica e Lara, estudantes de uma escola em Minas Gerais. Após sofrer vários golpes, Lara, vestindo uma camiseta do Pará, levanta, arruma os cabelos e revida: "Já acabou, Jéssica?". A frase virou bordão instantâneo, podendo ser utilizada quando terminamos algo difícil. O vídeo superou meio milhão de acessos e virou até jogo disponível para celulares Android. A briga foi ocasionada por ciúmes, mas as jovens voltaram a ser amigas.

Falsiane

Esta expressão se refere a uma mulher falsa e traidora, podendo ser utilizada em tom de brincadeira, ou não. Existem também outras variações, como a escrotiane, usada para chamar alguém de escrota (no português coloquial, uma pessoa de baixo valor).

Crush

É uma gíria que significa paixão súbita em inglês, usada para se referir a alguém que você está a fim. Numa tradução próxima, seria o mesmo que "ter uma quedinha".

Shippo

O termo surgiu da abreviação ship, que em inglês significa casal. É usado para dizer que você aprova um casal, ou seja, você shippa ele.

Partiu


Partiu academia, partiu facul, partiu balada. Esta gíria geralmente aparece acompanhada de hashtag (#) nas redes sociais quando alguém quer dizer que vai a algum lugar ou vai fazer algo.

Foi fazer a unha, né Fabíola? 

A desculpa de Fabíola originou este bordão após ser pega em flagrante pelo marido com o próprio amigo no motel, em dezembro do ano passado, no estado de Minas Gerais. Revoltado, ele aparece dando chutes e socos no veículo e depois vai tirar satisfação com sua esposa: "Foi fazer a unha, né Fabíola?". A cena foi postada no YouTube e o vídeo já recebeu mais de 2 milhões de acessos.

Miga, sua loca


Esta frase representa as indiretas trocadas pelas amigas nas redes sociais, sem origem definida. A página no Facebook "Miga, sua loca" acumula quase 400 mil curtidas e reúne imagens e citações engraçadas.

De boas

A página do Facebook "Deboísmo", cujo mascote é o bicho preguiça, foi criada por um casal de Goiás com a intenção de propagar o espírito "de boas", que caracteriza a paz, a tranquilidade e o sossego. O meme tornou-se tão conhecido que chegou a ser usado pelo Ministério do Trabalho e Emprego no Facebook.

Sabe de nada, inocente

O bordão "Sabe de nada, inocente", dito pelo cantor Compadre Washington em uma propaganda da OLX, viralizou na internet em 2014, mas continua fazendo sucesso. É usado para contrariar alguém inocente ou ignorante em determinado assunto.

Sofrência

Sofrência é uma mistura de sofrimento com carência que aparece com frequência nas redes sociais e na música sertaneja. Este termo ganhou fama com a música "Porque homem não chora", do cantor Pablo, conhecido como o "rei da sofrência".

Só que não


A gíria é utilizada nas redes sociais para ironizar algo ou alguém dando sentido contrário à frase. Pode ser abreviada como SQN.

Seja menas

É uma variação de seja menos com erro gramatical proposital cujo sentido é ironizar alguém dramático ou exagerado. É o mesmo que dizer "bem menos".

Taca-le pau

A expressão taca-le pau virou sucesso na internet com o vídeo de Marcos descendo o morro da Vó Salvelina com um carrinho de rolimã em 2014. O primo Leandro, além de gravar o vídeo, faz a narração. Os bordões "Taca-le pau nesse carrinho, Marco!" e "Mazá, Marco véio" tornaram-se frases de incentivo.

Stalkear

Esta expressão deriva da palavra inglesa stalker, que significa perseguidor. É utilizada para dizer que você está vigiando alguém nas redes sociais. 

Me solta


A imagem da mulher segurando o alienígena com frases bem-humoradas tornou-se viral na internet, tanto que já foi usada pela presidenta Dilma Rousseff no Facebook. O meme foi criado por um artista brasileiro conhecido como Mandrak, que fez uma montagem baseada no quadro "O amor desarmado", do pintor francês William-Adolphe Bouguereau, durante um concurso de Photoshop em 2008, mas só agora veio a fazer sucesso. A página "Me solta, miga" já passou de 1 milhão de curtidas.

O OUTRO LADO

A professora de Português Tânia Schaurich Cíceri, 57 anos, tendo 34 anos de atuação no magistério, entende que o uso de gírias e abreviações no ambiente virtual virou costume devido ao crescimento da internet e da busca por agilidade. "O objetivo é digitar de forma mais ágil, enviando, assim, mensagens cada vez mais rápidas", explica. Tânia entende que essa prática não deveria ser uma preocupação caso permanecesse somente em aplicativos e redes sociais.

Segundo a professora, a maioria das crianças e adolescentes chega à sala de aula escrevendo da mesma forma. "Essa atitude vem do fato de que estão em formação, o que dificulta a distinção entre os diferentes tipos de língua - coloquial e culta", atenta. Tânia ressalta que os professores, independente da área de atuação, devem deixar claro que a linguagem utilizada na sala de aula e no dia a dia é diferente da utilizada nos computadores e celulares.

* Memes: o termo meme provém do grego "imitação" e é utilizado para descrever vídeos, imagens ou frases engraçadas que se espalham pela internet alcançando popularidade imediata.

Fonte: Revista Linda - ano 9, nº 100, março 2016 (adaptado).

Texto: Gabriel Rodrigues.

Revisão: Marielle Rodrigues de Oliveira.

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